Recebi esta mensagem que reproduzo sem comentários:
"Caro senhor,
Li o seu texto sobre o jogo entre Portugal e Inglaterra (Teoria da constipação -III) e permita-me discordar consigo.
Reparei, antes de mais, que há ali um pequeno erro, pois a dada altura da descrição do jogo menciona o facto de não ter havido qualquer golo durante o prolongamento, quando toda a gente sabe que foi nessa altura que Rui Costa marcou o 2-1 e, pouco depois, os ingleses fizeram o 2-2, que lá nos levou para as penalidades.
Não acho, ao contrário do que defende, que o jogo tivesse sido 'comprado'. É praticamente impossível comprar uma equipa inteira e, quando o senhor menciona num outro 'post' o exemplo do livro de Vale e Azevedo, repare que o antigo presidente do Benfica apenas fala em comprar um 'jogador-chave', que tanto pode ser o guarda-redes ou um defesa. E ainda um árbitro. Agora, toda uma equipa...
Reparei ainda que, inteligentemente, sustenta as suas posições com exemplos bem recentes, como a final do mundial de 1998, que foi ganho pela França contra uma apática selecção do Brasil, que ganharia depois o mundial seguinte contra uma apática Alemanha, que, por sua vez, vai ser a anfitriã da próxima edição... - tudo factos que a Imprensa desportiva recusa correlacionar.
Não vou fazer qualquer juízo em relação a esses factos, mas gostaria que reparasse no seguinte: os jogadores de futebol são seres humanos, contudo são especiais, pois muitos deles são tão bem pagos e têm uma formação moral e cultural tão fraca, que os torna básicos.
E o pensamento básico do jogador da bola que ganha num mês mais dinheiro do que todos nós sonharemos algum dia ver como fruto de trabalho de uma vida inteira é o seguinte:
'Porra! Se tudo isto já está feito para Portugal ir à final, para quê estar aqui a gastar o meu tempo e a dar espectáculo? Eu até gosto de Portugal, mas quero ir para a praia no Algarve! Não quero ficar mais tempo fechado no hotel em concentração! Não estou para isto, tanto mais que já ganhei tudo o que há para ganhar e, no dia seguinte à final, começam os trabalhos lá no meu clube, daí que este ano não vou ter férias!'
Talvez assim se explique com mais lógica a ida prematura para casa de importantes selecções como Itália, Alemanha, França e Inglaterra. Realmente, ontem, também fui apanhada de surpresa pela continuação em prova da Holanda, pois, de acordo com esta lógica, também eles já deveriam ter ficado pelo caminho. A não ser que as férias dos holandeses estejam melhor programadas, o que num povo verdadeiramente organizado até seria possível.
Face ao exposto, devo dizer-lhe que a previsível vitória de Portugal neste europeu é uma coisa que até nos vai sair barata e não entendo como pode ficar triste com tão grande economia, visto que sol e praias sempre foram o nosso património preferido... E com a vantagem de que já lá estão, não é necessária muita cabeça para as construir ou gerir.
Sempre atenta"
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