Às vezes, no Porto, sabe-se mais do que se passa em Lisboa.
O contrário também é valido, mas no portuense "Jornal de Notícias", no domingo, dia 11, o deputado socialista Fernando Gomes, antigo presidente da Câmara do Porto e um dos mais atacados ministros da Administração Interna que este país teve, escreveu isto (com os destaques a negro da minha responsabilidade):
"Um prestigiado empresário nortenho, reconhecidamente simpatizante do PSD, dizia-me esta semana que a política económica adoptada por este Governo era inevitável. Segundo ele, foi necessário mudar o discurso e a postura do Executivo para acabar com a ideia instalada de um certo facilitismo que fazia os portugueses viverem muito acima das suas possibilidades (...)
Acrescentou que a política de contenção e rigor levada a cabo nestes dois anos, não teria sido possível sem a determinação e a coragem da ministra das Finanças e que sem a sua teimosia o Governo já teria cedido às pressões imensas que lhe chegam de todo o lado, incluindo de muitas estruturas partidárias. Mas que, agora, era chegado o momento de encontrar uma saída digna para Manuela Ferreira Leite. Nesta fase impunha-se uma certa abertura na política económica, ao que ela não estaria ainda sensível. Como tal, prosseguiu, o ideal era colocá-la à cabeça da lista para o Parlamento Europeu, aproveitando a remodelação governamental a levar a cabo antes das eleições europeias.
Sabendo como este empresário é ouvido nas questões económicas pelo partido com que simpatiza, resulta para mim claro que esta opinião não é, apenas, a de um conceituado investidor, mas antes a de um interlocutor privilegiado. E, logo, resulta também que Manuela Ferreira Leite, dada a sua natural intransigência, se transformou num incómodo para o PSD - mantê-la no Governo significa a continuidade de uma política económica impopular, incompatível com o ciclo eleitoral que se inicia em 2005; despedi-la sem uma saída airosa, quando se prestou a um enorme desgaste para levar por diante políticas tão restritivas, pode dar a ideia de cedência fácil a pressões e pode ser entendido como uma tremenda ingratidão. (...)"
Finalmente, ontem, terça-feira, dia 13, o jornal electrónico "Portugal Diário" (PD), noticiava:
"Ministra das Finanças pode abandonar Executivo. Para encabeçar lista para as Europeias ou para ocupar cargo de comissária europeia
A ministra das Finanças, Manuela Ferreira Leite, pode vir a ser uma das ministras remodeláveis por Durão Barroso. 'Não por uma razão de incompetência, mas como forma de reconhecimento do seu trabalho e de a libertar do fardo pesado que tem feito até aqui', garantem fontes próximas da direcção do PSD.
Os 30 anos do 25 de Abril sobrepõem-se em importância e, por agora, a coligação PSD/CDS-PP apenas adianta que o cabeça de lista para as europeias deve 'gostar de fazer política'. Fora isso não houve convites nem recusas de convites, garantem os vice-presidentes do PSD e PP. Certo é que Manuela Ferreira Leite é cada vez mais apontada como estando de saída do Governo.
A dúvida reside num facto - para onde irá a ministra? Fontes próximas da direcção do PSD, adiantaram ao PortugalDiário que Durão Barroso pensa colocar a ministra como a cabeça de lista da coligação PSD/CDS-PP para as próximas eleições europeias. (...)."
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