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20040406

Entrevista

E esta é a notícia da Agência Lusa com a entrevista que me foi feita:

25 Abril: Livro questiona democracia após hipotética revolução sangrenta
Lisboa, 06 Abr (Lusa) - Trinta anos depois da revolução dos cravos, o jornalista Frederico Duarte Carvalho questiona, no livro "Abril Sangrento", como estaria Portugal se, à data, tivesse ocorrido um banho de sangue e não uma revolta pacífica.
A hipótese do "massacre do Carmo", avançada pelo autor, serve apenas de mote para levantar outras questões relacionadas com a liberdade, a democracia, o carreirismo dos políticos e a apatia dos jornalistas, como explicou Frederico Carvalho em entrevista à Lusa.
"Ainda há verdades por revelar acerca do 25 de Abril, existem documentos secretos em cofres dispersos por dois ou três países e diversas informações por descobrir", salienta o jornalista do Tal & Qual, falando a propósito da sua primeira incursão pela literatura.
O autor, que admite sentir "falta de liberdade", alicerça a sua trama num outro Portugal - erguido após um "banho de sangue" no Largo do Carmo, em Lisboa -, e utiliza esse cenário para colocar algumas perguntas que se aplicam ao país real.
A publicar na segunda quinzena do mês com chancela das Edições Polvo, "Abril Sangrento" enlaça factos e ficção: "Faço referência a diversos acontecimentos históricos até à data da revolução, a partir da qual a história segue de acordo com a imaginação", disse o autor.
Fazendo referência a um artigo sobre a situação portuguesa publicado a 08 de Abril de 1974 no jornal Washington Post, Frederico Duarte Carvalho sublinha a novidade do dado histórico e garante que "a informação existe e muita está disponível, mas é preciso consultá-la e, sobretudo, cruzá-la".
Defendendo que "é preciso discutir e responsabilizar a democracia", o jornalista e escritor afirma que os partidos não promovem o debate, "apesar de ser evidente que a democracia precisa de ser refrescada por novos nomes, por pessoas menos apegadas ao poder".
"Acredito na democracia, mas não nestes democratas que hoje temos", declarou Frederico Carvalho à Lusa, acrescentando que "muitos políticos já estavam no meio há 30 anos; só conhecem a carreira nos partidos e nos governos, pouco ou nada sabem do povo".
O autor de "Abril Sangrento" também não poupa a classe jornalística, "que está muito desunida, o que só facilita as manobras do patronato", e critica ainda os jornalistas mais jovens, que pouco conhecem do passado e "não sabem o que foi a revolução".
Frederico Duarte de Carvalho lamenta igualmente "que muitos jornalistas que lutaram contra a censura no período da ditadura tenham, posteriormente, sido comprados pelo poder, silenciados ou, por outro lado, se tenham cansado de lutar e preferido o comodismo".
Não temendo as reacções que possam vir à sua crítica aos rostos políticos e à indiferença dos média, o autor afirmou à Lusa não ter expectativas muito definidas quanto à recepção do livro por parte do público em geral.
"Embora não tenha tido um leitor específico em mente quando estava a escrever, espero que o livro ajude a espicaçar o interesse e a curiosidade dos leitores mais jovens", revelou o autor, incentivando as novas gerações a procurarem a verdade "pelo seu próprio pé".
Frederico Duarte Carvalho nasceu no Porto em 1972, estudou na Escola Superior de Jornalismo e começou por trabalhar n´O Primeiro de Janeiro, tendo sido também autor das perguntas do programa televisivo "Doutores e Engenheiros" (1993-94).
Desde 1997 em Lisboa, é actualmente um dos jornalistas mais antigos do Tal & Qual, tendo já dado à estampa "Vítor Baptista - O Maior" (1999), "Capitão Roby" (2000, em parceria com Jorge Veríssimo Monteiro) e "Eu Sei que Você Sabe" (2003).
HSF.



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