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20031111

Maneiras de ver

Sem qualquer comentário, segue aqui a crónica de hoje de Joaquim Letria no diário "24horas":

Os jornalistas portugueses que acompanharam Durão Barroso a Angola rejubilaram com a descoberta de parentes entre a comunidade portuguesa e deslumbraram-se com o folclore protocolar.
Os brasileiros que foram com Lula, uma semana depois, foram derrotados pela miséria infra-humana dos 15 quilómetros que separam o hotel de luxo onde pernoitaram e o Bairro Casenga, "percurso entre lixões fétidos e esgotos a céu aberto, como numa interminável vitrina de horror, homens, mulheres e crianças andavam sobre latas, garrafas, panos, caixas e restos de comida" (...). "Para colorir o ambiente, as cadeirinhas de cores variadas que as crianças levam para a escola. Não há cadeiras nem mesas nas salas de aula de Luanda".
Outros comentaram: "Numa situação assim, a saúde é dos mais graves problemas de Angola, (...) que numa ironia cruel tem petróleo e diamantes (...) 28 anos depois da festa da independência e 24 depois da posse de actual Presidente, José Eduardo dos Santos, o mesmo que chegou ao poder aliado ao bloco soviético".
Não admira que o jornalismo agonize nas Universidades portuguesas e no Brasil seja licenciatura pujante e popular.

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