Guenter Wallraff foi aquele jornalista que, disfarçado, denunciou muitas vezes as injustiças. Disfarçado de operário tornou-se no jornalista infiltrado no seio de uma fábrica. Muito bem. Parabéns. Esse tipo de jornalismo chegou a existir em Portugal. Acho que foi o Repórter X que se fez passar por mendigo, por exemplo. E há alguns anos, dois jornalistas do "Tal&Qual", Ferreira Fernandes (hoje director da "Focus") e Vítor Bandarra (que agora está na TVI) foram almoçar ao luxuoso restaurante Tavares vestidos de fato macaco. Ninguém os impediu de se sentarem à mesa: eles tinham feito uma reserva. (Será que um verdadeiro operário se lembraria de fazer reserva?!).
Ora, no Glória Fácil (sei que estou a repetir-me, mas fiquei fã daqueles bloguitas!), lembraram a investigação que Wallraff fez ao então general Spínola, quando este teve de sair de Portugal por causa do 11 de Março de 1975, e deu origem ao livro "A Conspiração Spinolista". O jornalista foi uma espécie de "agent provocateur" que aliciou o general e séquito a comprarem armas para combater contra o regime de esquerda que então "ameaçava" Portugal. Hoje, descobriu-se, Wallraff foi informador da "Stasi", e "os spínolistas, que sempre tiveram teses conspirativas contra Wallraff, devem sentir-se reconfortados. Com um senão: Spínola mordeu o 'isco' de Wallraff", escreve-se na Glória Fácil.
Ora, se há uma coisa que ainda hoje não foi descoberta é, afinal, quem esteve por detrás do 11 de Março? É que não foram os spinolistas, isso já se sabe. Spínola foi "atirado" para fora de Portugal. E agora pergunto ainda: Se ele mordeu o isco de Wallraff foi porque a "Stasi" assim o quis, ou porque houve quem não quisesse evitar que assim sucedesse? É que a "Stasi", apesar de algumas "boas qualidades", também não era assim tão perfeita...
Traição. Esta sempre foi a palavra que rodeou Spínola. E a traição, recorde-se, só acontece quando quem nós confiámos nos deixa em maus lençóis. Não quando aqueles que são os nossos inimigos fazem o que é suposto fazer.
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