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20030820

Pergunta Pereira

Pergunta JPPereira no Abrupto: "Porque é que não se pode dizer que Sérgio Vieira de Mello morreu pelo mesmo objectivo por que morrem os soldados americanos? Por ter sido funcionário da ONU?"
Respondo: Os soldados norte-americanos são provenientes de um país democrático onde eles e os seus pais participaram na eleição de um líder para o seu país. Foi esse líder, que eles elegeram, que os mandou ir invadir aquele país, onde agora se encontram na posição de exército de ocupação. A ONU é uma instituição que não teve nada a ver com a invasão. Antes pelo, contrário, pelo que até está a tentar minimizar os efeitos da invasão que foi feita à revelia dos seus ideais.

Pergunta Pereira: "Porque razão é que as mortes israelitas, na sua enorme brutalidade, não suscitam um milionésimo de reacção, da fácil reacção que outras mortes causam, mas apenas incomodo? Deixem-se de disfarces – está escrito em letras garrafais em tudo o que está escrito e no muito que não está"
Respondo: Enquanto continuar a política do olho por um olho (a tal que nos vai cegar a todos), estes ataques já se tornaram actos banais. E previsíveis. Tão previsível como a próxima reacção israelita. Amanhã iremos falar dela...

Pergunta Pereira: "Porque razão as mortes iraquianas suscitam lágrimas e as israelitas comentários?"
Respondo: Os rios também secam quando falta água na nascente.

Pergunta Pereira: "Porque razão ninguém quer saber para coisa nenhuma do plano de paz israelo - palestiniano, o único que existe, o único que se está a implementar, o único que permite alguma esperança? Porquê? Porque acham que é Arafat que tem razão ou o Hamas? É com eles que vão fazer a paz?"
Respondo: Porque também é com Sharon que a Paz precisa de ser feita.

Pergunta Pereira: "Porque é que este pobre, débil, frágil plano não suscita a mais pequena defesa, o mais pequeno entusiasmo pela paz, a mais ténue mobilização da opinião pública? Porquê, porque os americanos estão envolvidos?"
Respondo: Se os americanos estão envolvidos, alguma razão há para aquilo não funcionar. Está visto que, quando eles querem, as coisas acontecem mesmo.

Pergunta Pereira: "Porquê? Tem outro? Conhecem alternativa?"
Respondo: A alternativa é o que for igual para Arafat também tem de ser igual para Sharon.

E diz (afirma, prontos!) Pereira: "Há uma razão brutal para algumas respostas a todas estas perguntas e que só se aplica a quem as enfiar como carapuça. É que há muita gente que prefere os seus confortinhos ideológicos, ao decente sentimento de poupar a dor a pessoas concretas. E que não quer saber rigorosamente para nada quer dos israelitas, quer dos palestinianos, quer dos iraquianos, concretos, mas sim das abstracções longínquas de que se alimenta um discurso fácil e arrogante sobre o mundo."
Comento: É bom saber que Pereira se interessa, porque, para mim, já se sabe, tanto faz. Basta ler tudo o que também tenho para aqui escrito.
Não sou contra os norte-americanos. Mas conheço alguns que dizem: "I love my country. I fear my government".

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