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20030807

Chamas II

Quando ontem perguntei quem ganhava com os fogos não sabia que, afinal, o "Diário de Notícias" preparava um trabalho sobre o mesmo assunto. O jornalista João Pedro Fonseca assina hoje um texto intitulado "Judiciária vai investigar negócio do fogo". Este jornalista pergunta logo no início do seu artigo: "Quem ganha dinheiro com os incêndios?". Esta era a mesma pergunta que ontem aqui sugeri aos nossos "Sherlock Holmes". Calculo que a investigação não vai dar em nada porque, conforme nos informa aquele jornalista, na página 21 do "DN", "há muitos interesses económicos em torno dos fogos". Que interesses são esses? Não sei, ele não nos diz. É pena. Mas, para que conheçam alguns, deixem-me dar-vos uma pista: Na página seguinte do mesmo "DN" há uma notícia que, apesar de estar dentro da história dos fogos, está fora do contexto do artigo sobre a investigação policial aos "interesses económicos". É um texto assinado por outro jornalista, Tiago Guilherme, e tem o título "Portucel desconhece área ardida das suas florestas". A Portucel/Soporcel gere 180 mil hectares de floresta em Portugal. São dois por cento do território nacional. A dada altura, escreveu o jornalista do "DN": "Ainda assim, a empresa afirmou ao DN que toda a actividade do grupo está coberta pelo seguro". As empresas seguradoras não gostam de perder dinheiro. Será então que elas também vão investigar o assunto? Ficámos à espera das suas conclusões. E, quanto àquilo que ontem escrevi sobre a possibilidade de haver quem possa, agora, comprar madeira ardida a um preço mais baixo, o ministro da Agricultura, no mesmo artigo de Tiago Guilherme do "DN", disse que "os grandes compradores de madeira lhe garantiram a manutenção das tabelas de preços para evitar especulação com a madeira queimada". Espera aí! Será que li bem?! O ministro disse que foram "os grandes compradores de madeira" quem "lhe garantiram"? Então não há uma lei ou uma fiscalização do seu ministério precisamente para garantir isso? Garantias, já se sabe, leva-as o vento e apagam-se com fogos! Mas, como agora estou de férias, de papo para o ar e a um passo da água, tanto me faz! Quando chegar a Outubro, preocupo-me é com as cheias e fecha-se o ciclo da água e fogo. Aliás, nessa altura, o campeonato nacional começa a aquecer e vêm aí as sentenças da Moderrna, enquanto que o caso da Casa Pia está para lavar e durar! Bravo povo lusitano que és incendiado e gostas!

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