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20030822

Argumento para um filme que ninguém ousará realizar

Portugal contemporâneo. O Papa coloca a bala com que foi atingido, em Roma, a 13 de Maio de 1981, na coroa de Nossa Senhora de Fátima. Acção muda para Bagdad, anteontem: um agente do FBI diz que entre os vestígios da bomba que matou Sérgio Vieira de Mello estão explosivos soviéticos que foram enviados para o Iraque nos anos 80. Flash-back: Varsóvia, anos 80. Numa tipografia clandestina do Solidariedade um indivíduo diz: "Já está! O Papa já autorizou. Em troca das impressoras, vamos poder enviar armas soviéticas para o Iraque". Sai e faz uma chamada telefónica para Washington. Donald Rumsfeld atente. Ainda anos 80: Donald Rumsfeld cumprimenta Saddam Hussein em Bagdad, que lhe agradece o envio das armas. Portugal, hoje: um jornalista escreve um blog onde conta como Portugal serviu de placa giratória no negócio de tráfico de armas para o Iraque nos anos 80, e prepara-se para revelar porque é que nunca houve um inquérito parlamentar na Assembleia da República. Mas é morto antes de o fazer. Morre durante a procissão das velas, à noite, em Fátima, junto à capelinha onde está a bala que feriu o Papa, meses depois de Ronald Reagan e Bush terem chegado à Casa Branca.

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