Vi hoje a célebre edição da Dom Quixote do livro "D. Casmurro" de Machado de Assis. O tal livro que levou o presidente da Câmara de Lisboa, e potencial candidato à presidência da República, Pedro Santana Lopes, a cometer mais uma "gaffe" cultural: depois de ter recebido um exemplar como oferta do editor Nélson de Matos, Santana assinou um cartão de agradecimento que foi endereçado ao escritor, apesar deste ter falecido há quase 100 anos.
Disseram que a culpa foi da secretária. Também acho que sim, porque, olhando agora para o livro, vê-se que, na capa, diz "Uma obra-prima da literatura brasileira" e, ao virá-lo, na contra-capa (já agora, ver versão original da "gaffe" nos textosdecontracapa), começa exactamente assim: "Machado de Assis (1839-1908) foi um dos fundadores da Academia Brasileira de Letras e seu presidente desde 1897 até à sua morte". Ou seja, Santana Lopes ficou com o livro e à saída do gabinete, depois de mais um dia aterafadíssimo a trabalhar em prol dos alfacinhas, levo-o para o ler e voltou para trás para lembrar à secretária que queria escrever uma carta à editora Dom Quixote a agradecer o envio do livro do senhor Machado de Assis, da mesma forma que alguém diz: "E escreva uma outra para o senhor Cunha a agradecer aqueles lugares no novo empreendimento", porque ele sim, é culto e, ao contrário de muita gente que se ri impunemente por aí, Santana Lopes até sabe que há concertos de Chopin para violinos (existe um, mas não tinha sido gravado na altura em que Santana disse que andava a ouví-los. A não ser que, como ele era então secretário de Estado da Cultura, alguém lhe tivesse mandado uma cassete de Salzburgo para ver se ele aceitava patrocionar a gravação em CD...). Ainda os verei todos a ir ao beija-mão a Belém. Os casmurros.
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